sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O jornalismo está em função de quais interesses?

Por Mariana Ramos

Dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, a revista Veja  antecipou a saída da edição do semanário para antes do último debate eleitoral televisionado pela Rede Globo. Na edição, a revista publicou uma reportagem especial em que, supostamente, o doleiro Alberto Yossef declara, em depoimento à Polícia Federal, que o ex presidente Luís Inácio Lula da Silva e a atual presidenta Dilma Roussef tinham conhecimento do esquema de corrupção na Petrobrás.
A repercussão da reportagem em um período de uma corrida presidenciável  acirrada e com  pesquisas que colocavam a atual presidente a frente do seu adversário, tomou conta das redes sociais e dos programas eleitorais. Muitos militantes que apoiavam a reeleição de Dilma Roussef ficaram revoltados com a abordagem da matéria e protestaram na sede da editora Abril, em São Paulo. Os manifestantes jogaram lixo e picharam a fachada do prédio com frases: "Fora Veja" e "Veja mente".
Na reportagem, a Veja vai contra as regras e a ética do jornalismo, ao colocar como fonte um depoimento de um processo que corre em segredo de Justiça, sem dar direito de resposta às pessoas citadas na reportagem. É regra do jornalismo ouvir os dois lados da história, além de investigar e apurar a fundo uma acusação como esta, que poderia mudar os rumos das eleições. Além disso, na matéria o jornalista coloca juízo de valor, além de dá um julgamento prévio aos leitores.
Sabemos que o posicionamento político da revista vai de encontro ao atual governo e que uma reportagem bem apurada e dando voz a todos os envolvidos leva muito tempo. Mas com as eleições se aproximando eles resolveram antecipar a matéria e a edição, vendo o intuito claro do jornalismo a favor dos interesses políticos da empresa.  
Além disso, na reportagem são mostradas acusações sem qualquer prova concreta. Precisando ainda analisar a credibilidade da fonte utilizada, sendo que todo jornalista deve desconfiar de toda e qualquer fonte. É visto que o papel do jornalismo de informar com rigor e ética para formar uma opinião pública democrática foi quebrado nessa reportagem, servindo aos interesses políticos e financeiros da revista por meio da distorção, falta de provas e negligência aos envolvidos citados.  






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