Um conto jornalístico de suspense,
estrelando o Exame Nacional do Ensino Médio e o G1 Petrolina.
Por Heitor Ferreira
No fim de semana (dias 08 e 09 de novembro), a pauta agendada foi o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM). Como evento de abrangência nacional, a prova é
acompanhada pela mídia quase uma mini-final de Copa do Mundo (com o Brasil
jogando, claro), desde a véspera ao desfecho, pontuando o que é pitoresco. Mas
na tentativa de anunciar a “largada” na cidade, o G1
Petrolina deu um exemplo pouco inspirado de como localizar o fato.
O título faz uma associação inusitada com a prova. Preces e doces? Esses elementos
são pontuados fracamente na matéria, e não são relevantes nem com muito boa
vontade do leitor. O título parece reciclado de alguma matéria de Halloween que não saiu. Após o título
pouco inspirado e um lead descritivo
e desinteressante, são apresentadas personagens típicas de notícia sobre o
processo seletivo.
Temos a vestibulanda tensa de primeira viagem, pesando as sortes e azares
do dia. Só faltou uma dica de simpatia pra fazer a prova bem. Em seguida, a veterana
que não parece muito confiante; a concorrente iniciante que diz que se preparou
bem, e finalizando com a professora com uma fala-reforço (“[...] o Enem se tornou o processo seletivo mais
importante do país [...]”). Todas fazem menções diretas ou indiretas em
todas as falas sobre a pressão pré-prova, que não é nada incomum. A fotografia da
matéria confunde: é apenas sugerido
que as pessoas nas ilustrações são as mesmas que foram entrevistadas, e isso
apenas pela posição em relação ao texto. As legendas se limitam à descrição.
O resultado é uma quase-nota um tanto sem foco, que podia ter sido
resumida em ainda menos linhas e com um curto título, como: “Começa o ENEM em
Petrolina. Candidatos tensos”. Houve exemplos mais completos sobre o
preparo de quem ia prestar a prova, e se era para fazer uma abordagem rasa e
espetacular em cima de fato comum, talvez fosse preferível esperar os
inevitáveis atrasados para a prova. Talvez até eleger uma candidata
para concorrer à “musa
do ENEM” (que, posto de lado o sensacionalismo, é uma pauta que se bem
utilizada rende um tratamento digno ao elemento
humano em questão).
Na tentativa de situar o Exame Nacional do Ensino Médio para o leitor
petrolinense, o G1 local tem séria chance de ter zerado a pontuação. No fim, o
doce deve ser para cortar o amargor que foi ler aquilo, e a reza para afastar o
encosto que rondando a pauta. Quem sabe a Amanda Alli (a musa ENEM 2014), que pretende cursar jornalismo, faça melhor quando
vier a vez dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário