quinta-feira, 13 de novembro de 2014

DOCES OU TRAVESSURAS?



Um conto jornalístico de suspense, estrelando o Exame Nacional do Ensino Médio e o G1 Petrolina.

Por Heitor Ferreira

No fim de semana (dias 08 e 09 de novembro), a pauta agendada foi o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Como evento de abrangência nacional, a prova é acompanhada pela mídia quase uma mini-final de Copa do Mundo (com o Brasil jogando, claro), desde a véspera ao desfecho, pontuando o que é pitoresco. Mas na tentativa de anunciar a “largada” na cidade, o G1 Petrolina deu um exemplo pouco inspirado de como localizar o fato.
O título faz uma associação inusitada com a prova. Preces e doces? Esses elementos são pontuados fracamente na matéria, e não são relevantes nem com muito boa vontade do leitor. O título parece reciclado de alguma matéria de Halloween que não saiu. Após o título pouco inspirado e um lead descritivo e desinteressante, são apresentadas personagens típicas de notícia sobre o processo seletivo.
Temos a vestibulanda tensa de primeira viagem, pesando as sortes e azares do dia. Só faltou uma dica de simpatia pra fazer a prova bem. Em seguida, a veterana que não parece muito confiante; a concorrente iniciante que diz que se preparou bem, e finalizando com a professora com uma fala-reforço (“[...] o Enem se tornou o processo seletivo mais importante do país [...]”). Todas fazem menções diretas ou indiretas em todas as falas sobre a pressão pré-prova, que não é nada incomum. A fotografia da matéria confunde: é apenas sugerido que as pessoas nas ilustrações são as mesmas que foram entrevistadas, e isso apenas pela posição em relação ao texto. As legendas se limitam à descrição.
O resultado é uma quase-nota um tanto sem foco, que podia ter sido resumida em ainda menos linhas e com um curto título, como: “Começa o ENEM em Petrolina. Candidatos tensos”. Houve exemplos mais completos sobre o preparo de quem ia prestar a prova, e se era para fazer uma abordagem rasa e espetacular em cima de fato comum, talvez fosse preferível esperar os inevitáveis atrasados para a prova. Talvez até eleger uma candidata para concorrer à “musa do ENEM” (que, posto de lado o sensacionalismo, é uma pauta que se bem utilizada rende um tratamento digno ao elemento humano em questão).
Na tentativa de situar o Exame Nacional do Ensino Médio para o leitor petrolinense, o G1 local tem séria chance de ter zerado a pontuação. No fim, o doce deve ser para cortar o amargor que foi ler aquilo, e a reza para afastar o encosto que rondando a pauta. Quem sabe a Amanda Alli (a musa ENEM 2014), que pretende cursar jornalismo, faça melhor quando vier a vez dela.

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