Por Paulo
Costa
A notícia, "Moradores
do Dom Avelar fecham rua em protesto contra “falta de estrutura” no bairro",
foi publicada num blog – um tipo de plataforma que tem como objetivo veicular
opiniões dos titulares sobre qualquer assunto do interesse destes.
O texto informa sobre uma manifestação popular, no
bairro Dom Avelar em Petrolina, pela melhoria de sua infraestrutura, que a
muito, segundo a nota, vem esperando por uma solução da prefeitura.
A observação a seguir, que o repórter faz com
relação a fato ocorrido "Os
manifestantes reivindicam há tempos uma série de melhorias para o bairro, cuja
situação se agravou com as intensas chuvas desta semana", trata-se de
informações que deveriam estar na boca da(s) fonte(s). Em uma matéria analítica
ou interpretativa sobre temas específicos, dos quais o jornalista é um
estudioso, talvez coubesse esse tipo de postura, mas em temas factuais é
possível que não fique interessante, porque pode parecer uma assessoria ou uma
nota político-partidária.
O segundo parágrafo informa que há muito tempo os
moradores reivindicam por melhorias. Caberia, nesse trecho, a fala de algum
líder comunitário comprovando o fato com documentos, como ofícios,
abaixo-assinados, denúncias ao ministério público etc. No último parágrafo, por
exemplo, ao dizer: “A versão dos moradores”, a nota
generaliza e reduz toda a população do bairro a um lugar comum. É impossível
que o repórter tenha entrevistado todos os moradores. Se no lugar de “A versão
dos moradores”, tivesse, “segundo fulano de tal, os moradores...” o problema da
falta de isenção estaria resolvido.
Outra questão é a resposta da prefeitura. O texto
diz que a reportagem não conseguiu
localizar alguém que pudesse falar sobre o caso. A matéria foi postada depois das
dezoito horas. Qual é o horário de funcionamento da prefeitura? A
instantaneidade da internet talvez dificulte que a notícia saia completa.
A matéria também possibilita ao repórter uma pauta
maior, que aborde questões como: existência, pela prefeitura, de projetos de
revitalização dos bairros, que vislumbrem alternativas para minimizar ou evitar
problemas causados por fortes chuvas ou de povoamento de áreas suscetíveis a riscos
naturais. Programas estaduais e/ou federais que disponham de recursos aos
municípios, para ações desse tipo.