domingo, 25 de maio de 2014

A cobertura do portal de notícias “Gazzeta” sobre a greve dos correios em Petrolina

Por Lícia Lara Dantas

O Jornal “Gazzeta do São Francisco” está situado na cidade de Petrolina-PE e tem seu portal de notícias como o principal suporte de seu conteúdo, visto que sua versão impressa só é veiculada uma vez por semana e em datas comemorativas. A proposta é analisar a cobertura dada pelo veículo à greve dos correios na cidade no ano de 2014. A greve aconteceu em 13 estados, mas como o veículo pauta a região do vale do São Francisco, a cobertura foi feita de forma local.

O assunto em questão – greve dos correios – durou cerca de dois meses, o que é observado na primeira matéria com esse tema no jornal e na última, as quais datam, respectivamente, 10 de fevereiro e 11 de março. Ao total, são sete matérias relacionadas ao tema. Como a quantidade é grande, uma saída foi a observação de algum dos elementos que compõem uma matéria, neste caso, os temas das matérias e as fotos que as acompanharam.

Um fato interessante sobre a temática escolhida, é que o portal de noticiais não divulgou nenhuma matéria com o início da greve, mas sim uma quando a mesma já tinha mais de dez dias e também não publicou nada sobre o fim da greve. Observação importante, já que foram sete matérias sobre o tema. Dentre os subtemas, podemos perceber aspectos negativos levantados por os correios estarem parados e quais as causas de insatisfação dos grevistas. O jornal parece ficar por ora a favor da greve e por ora contra. Já que algumas matérias ressaltam a quantidade de correspondências não entregues e outras mostram a situação nada satisfatória, na qual os grevistas trabalham.
A última matéria sobre a greve dos correios foi ao ar no dia 11 de março, relatando a decisão do TST sobre a negação do provimento da demanda dos sindicatos sobre a empresa. A notícia traz a resolução de forma bem técnica, mas não esclarece como ficará o movimento a partir daquele momento e nem esclarece sobre o fim da greve, o qual ocorreu dois dias depois da publicação dessa matéria. Nada mais foi publicado no portal de notícias “Gazzeta” sobre o tema.
Roland Barthes colocou que a fotografia “no fundo é subversiva, não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa”. E nos faz pensar sobre o papel da imagem dentro do jornalismo, do fotojornalismo. A imagem pode colocar um pensamento a mais ou despertar total interesse por uma matéria.
No jornal Gazzeta, observamos a ausência da qualidade fotográfica em algumas imagens da greve. Todas sempre da fachada dos correios, sem nenhuma novidade, sempre a mesma faixa escrita “estamos em greve”. Essa foto ilustraria bem uma matéria sobre o tema, mas só uma. No entanto, duas imagens das sete matérias chamaram atenção por levar ao que Barthes trouxe lá no início – ao pensamento. Uma delas, um dos grevistas aparece de braços cruzados e seu rosto não está no plano da foto. Os braços cruzados estão de acordo com o título da matéria e conseguem mostrar um pouco além do que é dito no texto, como que os grevistas querem trabalhar, mas estão de mãos atadas diante daquela situação. Outra imagem relevante é a de um dos carteiros com o olhar perdido no horizonte. Nota-se uma esperança de que resoluções melhores estariam por ocorrer. Três dias depois, a greve acabou e os grevistas conseguiram a principal demanda que estava sendo questionada.

Voltando a ideia de Barthes sobre a fotografia como subversiva quando é pensativa, notamos a necessidade das fotografias do jornal em prestarem atenção em seu aspecto notícia, conseguindo aliar o pensamento reflexivo através de uma imagem. O texto apareceria como complemento da imagem e a imagem como complemento e reflexão do texto, não meramente ilustração. 

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