Por
Lícia Lara Dantas
O
Jornal “Gazzeta do São Francisco” está situado na cidade de Petrolina-PE e tem
seu portal de notícias como o principal suporte de seu conteúdo, visto que sua
versão impressa só é veiculada uma vez por semana e em datas comemorativas. A
proposta é analisar a cobertura dada pelo veículo à greve dos correios na
cidade no ano de 2014. A greve aconteceu em 13 estados, mas como o veículo
pauta a região do vale do São Francisco, a cobertura foi feita de forma local.
O
assunto em questão – greve dos correios – durou cerca de dois meses, o que é observado
na primeira matéria com esse tema no jornal e na última, as quais datam,
respectivamente, 10 de fevereiro e 11 de março. Ao total, são sete matérias
relacionadas ao tema. Como a quantidade é grande, uma saída foi a observação de
algum dos elementos que compõem uma matéria, neste caso, os temas das matérias
e as fotos que as acompanharam.
Um fato
interessante sobre a temática escolhida, é que o portal de noticiais não
divulgou nenhuma matéria com o início da greve, mas sim uma quando a mesma já
tinha mais de dez dias e também não publicou nada sobre o fim da greve.
Observação importante, já que foram sete matérias sobre o tema. Dentre os
subtemas, podemos perceber aspectos negativos levantados por os correios
estarem parados e quais as causas de insatisfação dos grevistas. O jornal
parece ficar por ora a favor da greve e por ora contra. Já que algumas matérias
ressaltam a quantidade de correspondências não entregues e outras mostram a
situação nada satisfatória, na qual os grevistas trabalham.
A última
matéria sobre a greve dos correios foi ao ar no dia 11 de março, relatando a
decisão do TST sobre a negação do provimento da demanda dos sindicatos sobre a
empresa. A notícia traz a resolução de forma bem técnica, mas não esclarece
como ficará o movimento a partir daquele momento e nem esclarece sobre o fim da
greve, o qual ocorreu dois dias depois da publicação dessa matéria. Nada mais
foi publicado no portal de notícias “Gazzeta” sobre o tema.
Roland
Barthes colocou que a fotografia “no fundo é subversiva,
não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa”.
E nos faz pensar sobre o papel da imagem dentro do jornalismo, do
fotojornalismo. A imagem pode colocar um pensamento a mais ou despertar total
interesse por uma matéria.
No jornal Gazzeta, observamos a ausência da
qualidade fotográfica em algumas imagens da greve. Todas sempre da fachada dos
correios, sem nenhuma novidade, sempre a mesma faixa escrita “estamos em
greve”. Essa foto ilustraria bem uma matéria sobre o tema, mas só uma. No
entanto, duas imagens das sete matérias chamaram atenção por levar ao que
Barthes trouxe lá no início – ao pensamento. Uma delas, um dos grevistas
aparece de braços cruzados e seu rosto não está no plano da foto. Os braços
cruzados estão de acordo com o título da matéria e conseguem mostrar um pouco
além do que é dito no texto, como que os grevistas querem trabalhar, mas estão
de mãos atadas diante daquela situação. Outra imagem relevante é a de um dos
carteiros com o olhar perdido no horizonte. Nota-se uma esperança de que
resoluções melhores estariam por ocorrer. Três dias depois, a greve acabou e os
grevistas conseguiram a principal demanda que estava sendo questionada.
Voltando a ideia de Barthes sobre a fotografia
como subversiva quando é pensativa, notamos a necessidade das fotografias do
jornal em prestarem atenção em seu aspecto notícia, conseguindo aliar o
pensamento reflexivo através de uma imagem. O texto apareceria como complemento
da imagem e a imagem como complemento e reflexão do texto, não meramente
ilustração.
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