quinta-feira, 22 de maio de 2014

Naufrágio em Sento-Sé (BA)

Por Paloma Jasmini

No dia 30 de Abril as principais agências de notícia da região deram destaque à tragédia ocorrida no município Sento Sé-BA em decorrência do naufrágio de uma embarcação. A notícia também teve repercussão nacional, em sites de notícias como o R7, por exemplo. 
A informação no que diz respeito ao número de tripulantes é contrastante:

“ (...) havia 30 pessoas a bordo” (R7)
“No momento 45 pessoas estavam no barco” (Blog do Carlos Britto)
“(...) embarcação Travessia do Mar Vermelho, que naufragou com 40 pessoas” (Blog do Carlos Britto)
“A embarcação fazia a travessia com 40 pessoas a bordo” (G1 Bahia)
“com 32 pessoas a bordo.” (Diário da Região)
“ (...) a embarcação estava retornando de Remanso, com 32 pessoas a bordo.” (Gazeta)
“A embarcação estava com 40 pessoas na hora do naufrágio (...)” (Gazeta)
“A quantidade de passageiros ainda estão desencontradas (sic). O certo é que até o momento há 46 resgatados, uma criança morta e cinco desaparecidos.” (Blog do Vinícius)
Segundo o delegado Raimundo Guerra, "este número de desaparecidos também pode aumentar, porque o controle de entrada e saída não era feito pelo motorista do barco. Os próprios familiares nos procuraram para falar dos parentes". (Correio)
Sendo assim, a forma como o Blog do Vinícius deu tal detalhe foi a mais objetiva e verídica de acordo com as circunstâncias, pois não sendo feita uma contagem é impossível fazer uma afirmação de um número “redondo” de vítimas do náufrago.
É interessante perceber como a incompatibilidade de informação acaba por gerar a desinformação. Dar a notícia a qualquer custo vem a comprometer o tratamento e cuidado com a notícia de modo a torná-la confusa e até desprovida de credibilidade para o leitor. Uma Frase ou uma notícia jornalística (não importa o tamanho do texto) pode causar sérios e diferentes impactos ao receptor a depender do modo como ela é construída.
Por isso, é preciso atenção redobrada para as notícias que envolvem tragédias (tanto para o leitor quanto para o profissional da imprensa), já essas quase sempre se apresentam incompletas, mal acompanhadas/apuradas ou com informações divergentes quando comparadas com aquelas publicadas por outras agências de notícias ao pautar o mesmo assunto ou fato devido à incessante busca pelo furo jornalístico.
Outro ponto a ser ressaltado nas abordagens deste caso específico é a constituição do título, na maioria das vezes trazendo o destaque da morte de uma criança, e atendendo, portanto, às características cada vez mais valorizadas dentro do campo jornalístico que é a excepcionalidade, a tragédia, o drama, enfim, a capacidade de chamar atenção e tocar o leitor para se ter o produto consumido e ganhar audiência.

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