Por Paloma Jasmini
No dia 30 de Abril as
principais agências de notícia da região deram destaque à tragédia ocorrida no
município Sento Sé-BA em decorrência do naufrágio de uma embarcação. A notícia
também teve repercussão nacional, em sites de notícias como o R7, por
exemplo.
A informação no que diz
respeito ao número de tripulantes é contrastante:
“ (...) havia 30 pessoas
a bordo” (R7)
“No momento 45 pessoas
estavam no barco” (Blog do Carlos
Britto)
“(...) embarcação
Travessia do Mar Vermelho, que naufragou com 40 pessoas” (Blog do Carlos Britto)
“A embarcação fazia a
travessia com 40 pessoas a bordo” (G1 Bahia)
“com 32 pessoas a
bordo.” (Diário da Região)
“ (...) a embarcação
estava retornando de Remanso, com 32 pessoas a bordo.” (Gazeta)
“A embarcação estava com
40 pessoas na hora do naufrágio (...)” (Gazeta)
“A quantidade de
passageiros ainda estão desencontradas (sic). O certo é que até o momento há 46
resgatados, uma criança morta e cinco desaparecidos.” (Blog do Vinícius)
Segundo o delegado
Raimundo Guerra, "este número de desaparecidos também pode
aumentar, porque o controle de entrada e saída não era feito pelo motorista do
barco. Os próprios familiares nos procuraram para falar dos parentes".
(Correio)
Sendo assim, a forma
como o Blog do Vinícius deu tal detalhe foi a mais objetiva e verídica de
acordo com as circunstâncias, pois não sendo feita uma contagem é impossível
fazer uma afirmação de um número “redondo” de vítimas do náufrago.
É interessante perceber
como a incompatibilidade de informação acaba por gerar a desinformação. Dar a
notícia a qualquer custo vem a comprometer o tratamento e cuidado com a notícia
de modo a torná-la confusa e até desprovida de credibilidade para o leitor. Uma
Frase ou uma notícia jornalística (não importa o tamanho do texto) pode causar
sérios e diferentes impactos ao receptor a depender do modo como ela é
construída.
Por isso, é preciso
atenção redobrada para as notícias que envolvem tragédias (tanto para o leitor
quanto para o profissional da imprensa), já essas quase sempre se apresentam
incompletas, mal acompanhadas/apuradas ou com informações divergentes quando
comparadas com aquelas publicadas por outras agências de notícias ao pautar o
mesmo assunto ou fato devido à incessante busca pelo furo jornalístico.
Outro ponto a ser
ressaltado nas abordagens deste caso específico é a constituição do título, na
maioria das vezes trazendo o destaque da morte de uma criança, e atendendo,
portanto, às características cada vez mais valorizadas dentro do campo
jornalístico que é a excepcionalidade, a tragédia, o drama, enfim, a capacidade
de chamar atenção e tocar o leitor para se ter o produto consumido e ganhar
audiência.
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