quinta-feira, 10 de julho de 2014

O futebol e o reforço dos estereótipos

Por Maria Yamakawa
No clima de Copa do Mundo, os veículos de comunicação de Petrolina têm se esforçado em pautar o tema – seja na televisão, rádio, impresso ou nos blogs. Numa reportagem no programa de segunda-feira (9), o GR TV 1ª edição apresentou uma enquete feita nas ruas da cidade com as mulheres para testar os conhecimentos delas sobre futebol.
A ideia de abordar a Copa do Mundo com o foco no local é digno de parabéns, porém ao enfatizar as respostas das mulheres que sabem pouco de futebol, no meu entendimento, a mídia reforçou estereótipos impregnados na sociedade machista. Por isso, ao acessar todo o conteúdo apresentando na edição em questão, várias perguntas surgiram na minha mente: por que somente os homens podem saber de futebol? As mulheres não podem ter conhecimentos sobre esse assunto? Por que apelar para o “humor” de expor respostas erradas e diminuir a inteligência das mulheres? Porque quando um homem não sabe sobre futebol, não é ridicularizado na televisão? Essa pauta existiria com homens?
O ponto positivo de pautar a Copa na cidade seria muito mais bem feito (e prestaria um papel social pra o gênero feminino) se fosse construída sem trabalhar em cima de estereótipos. Até mesmo a postura da repórter é de se estranhar, porque ela é uma mulher e acaba ridicularizando suas iguais.
Ao reforçar a imagem de que mulheres não podem ter conhecimentos de assuntos “masculinos”, a jornalista e a empresa ferem um dos princípios do Código de Ética dos Jornalistas. É dever do profissional combater qualquer tipo de discriminação de gênero, religião ou outro motivo.
O conteúdo jornalístico é construído em cima de pensamentos machistas, que nada acrescentam a figura feminina. Pelo contrário, reforça a ideia de que o gênero feminino não tem conhecimentos de áreas das quais os homens são “naturalmente feitos para isso”.

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