Por Maria Yamakawa
No clima de Copa do Mundo, os veículos de
comunicação de Petrolina têm se esforçado em pautar o tema – seja na televisão,
rádio, impresso ou nos blogs. Numa reportagem no programa de segunda-feira (9),
o GR TV 1ª edição apresentou uma enquete feita nas ruas da cidade com as
mulheres para testar os conhecimentos delas sobre futebol.
A ideia de abordar a Copa do Mundo com o foco no
local é digno de parabéns, porém ao enfatizar as respostas das mulheres que
sabem pouco de futebol, no meu entendimento, a mídia reforçou estereótipos
impregnados na sociedade machista. Por isso, ao acessar todo o conteúdo
apresentando na edição em questão, várias perguntas surgiram na
minha mente: por que somente os homens podem saber de futebol? As mulheres não
podem ter conhecimentos sobre esse assunto? Por que apelar para o “humor” de
expor respostas erradas e diminuir a inteligência das mulheres? Porque quando
um homem não sabe sobre futebol, não é ridicularizado na televisão? Essa pauta
existiria com homens?
O ponto positivo de pautar a Copa na cidade seria
muito mais bem feito (e prestaria um papel social pra o gênero feminino) se
fosse construída sem trabalhar em cima de estereótipos. Até mesmo a postura da
repórter é de se estranhar, porque ela é uma mulher e acaba ridicularizando suas
iguais.
Ao reforçar a imagem de que mulheres não podem ter
conhecimentos de assuntos “masculinos”, a jornalista e a empresa ferem um dos
princípios do Código de Ética dos Jornalistas. É dever do profissional combater
qualquer tipo de discriminação de gênero, religião ou outro motivo.
O conteúdo jornalístico é construído em cima de
pensamentos machistas, que nada acrescentam a figura feminina. Pelo contrário,
reforça a ideia de que o gênero feminino não tem conhecimentos de áreas das
quais os homens são “naturalmente feitos para isso”.
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