Por:
Juciane Aleixo
Esta
semana o jornal Diário da Região, na edição de Quarta-Feira (12), teve como
matéria de capa o registro dos homicídios da cidade de Juazeiro nos últimos
onze meses. A reportagem traz os números de mortes, as principais causas e o
perfil das vítimas, ilustrada com fotos dos assassinados.
A
morte é um assunto que tem uma carga emocional muito forte e sempre está
presente nos noticiários. A violência é um fenômeno social que necessita mesmo
ser mostrado e discutido na imprensa. O jornalismo, enquanto formador de
opinião, exerce um importante papel na sociedade e não poderia deixar de
apresentar esse aspecto. No entanto, o que é discutível é a forma como isso é
mostrado.
O Diário da Região utilizou fotos de corpos ensanguentados com a
clara intenção de chocar o público e incentivar a compra do periódico. Há quem
diga que as pessoas preferem ver esse tipo de notícias sensacionalistas e que
crimes hediondos despertam o interesse dos leitores em saber mais detalhes
sobre esses casos. Notícias sobre mortes violentas figurando entre as mais
lidas nos portais de notícias reforçam este tipo de pensamento.
Mas
até que ponto a mídia deve estimular e alimentar este público? O jornalismo não
seria mais fiel ao seu papel social se ao invés de explorar a violência de
forma apelativa, refletisse sobre possíveis ações na área de segurança pública
e trouxesse uma discussão sobre os fatores causadores desse fenômeno?
Na
matéria do Diário, é mencionada na fala de um personagem a necessidade de medidas
por parte do poder público para reprimir o tráfico de drogas, principal
motivador dos crimes. Porém o que é mais enfatizado são os números de mortes,
sem nenhuma reflexão mais aprofundada sobre o assunto. Os números em si não dizem
nada. Dizer que o tráfico de drogas é a maior causa da violência também não.
Seria mais interessante se houvesse uma análise sobre os fatores sociais
envolvidos no tema.
Infelizmente
essa é uma realidade vivida pelos jornais populares. A ânsia por vender notícia está
deixando os veículos cada vez mais sangrentos. As manchetes de notícias que
envolvem morte, geralmente ilustradas com um cadáver ensopado de sangue, são
construídas com o intuito de chocar e levar as pessoas a lerem as matérias. Parece-me
que produzir um conteúdo relevante e construtor de pensamento crítico não está
dentro no orçamento dos jornais.
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