Por Mirielle Cajuhy
Nessa
era de tecnologia, acostumamo-nos a consumir os mais diversos produtos da forma
mais rápida possível. No mundo da comunicação, parece que as notícias estão
seguindo esta mesma linha. O que percebemos nos blogs da região e nas
informações que neles são veiculadas, é que a velocidade - de publicação e
consumo - é priorizada em detrimento de uma notícia bem apurada, com riqueza de
informações e fomentadora de reflexão.
No
dia 01 de novembro, o Blog do Geraldo José veiculou uma notícia intitulada: “CIPE - Caatinga
entra em confronto com assaltantes, apreende armas, munições e dinheiro roubado
em Uauá”. O texto, sem dúvidas, era um release policial,
com direito aos termos mais complexos da área, no entanto, não estava
creditado. Em situações como essa, em que nos deparamos com notícias que foram
repassadas tais quais foram recebidas, surge uma necessidade de nos
perguntarmos: que tipo de informação é essa que estamos consumindo?
A
notícia aqui citada apresenta não só uma estrutura e uma linguagem que
dificultam a compreensão do fato, como também, um enquadramento tendencioso que
privilegia a ação da polícia (“mesmo diante da injusta e inesperada agressão,
conseguiram atingir os meliantes, evidenciando de que o revide policial fora
pontual”, entre outras expressões).
Esta tendência já é esperada por se tratar de um release. Publicar textos assim
é, inevitavelmente, beneficiar um lado da história no lugar do esclarecimento
dos fatos e da reflexão a respeito do tema geral contido na notícia – nesse caso,
a criminalidade.
É
importante destacar, que, durante o confronto narrado no release em questão, dois
homens morreram. No entanto, esse fato foi apenas uma notificação dentro do
texto. A narração da troca de tiros, os muitos e diversos objetos apreendidos,
a descrição densa e detalhista das armas e das balas que estavam com essas
pessoas ganhou um destaque muito maior, logo, uma importância maior. Fica
explícito que a cultura do “bandido tem que morrer mesmo” é fomentada pela
polícia, repassada pelos meios de comunicação e acessada pelos leitores. Não
cabe aqui ser dito que todas as pessoas que lêem esse tipo de notícia serão
“manipuladas” pela informação. Mas, uma influência por conta do enquadramento,
acontece.
Portanto,
é necessário que fiquemos atentos aos blogs, às fontes que são utilizadas por
eles e ao contexto das editorias das notícias. No caso da editoria policial da
região, os releases se fazem muito presentes. Então, se analisarmos na íntegra,
veremos que esta editoria passa a cumprir o papel de divulgar os atos
policiais, e não de conscientizar as pessoas a respeito da criminalidade.
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